O CRIME DE TRAIÇÃO À PÁTRIA:

O CRIME DE TRAIÇÃO À PÁTRIA:

O Art.º-141.º Do Código Penal é simples e claro: "Será condenado na pena de prisão maior de vinte a vinte e quatro anos, todo o português que: 1.º intentar, por qualquer meio violento ou fraudulento ou com auxílio estrangeiro, separar da mãe-Pátria ou entregar a país estrangeiro todo ou parte do território português, ou por qualquer desses meios ofender ou puser em perigo a independência do País. 2.º Tomar armas, debaixo das bandeiras de uma nação estrangeira, contra a Pátria". Simples e claro como o juízo do nosso povo, quanto à forma como a Pátria foi mutilada.

¡ O CANTO A ANGOLA !
















                           

Sentindo o cálido vento...
Levantei meu rostro ao céu,
elevando minha alma...
Assim como meu pensamento!
Só necessitava meu alento...
Para sentir em meus pulmões
o brilho do firmamento!
Recolhi em minhas mãos a terra...
A mesma que pisara desde a minha infância!...
Não há falcão solitário!

Primeiro foi o alarde da vergonha,
E o tempo foi transformado num covil de ladrões!
Os ares, não são bons ares...
E a vida passou a ser p’ra eles um alvo de ocasiões!
Ainda algum "desses" perguntará:
 "Porque cantam eles assim?"

 - Cantamos assim,
 porque a crueldade teve nome de traição!!!
Com nome de trágico destino! -
Cantamos assim pela infância,
e pelo tudo que era nosso!!!
Pelos afectos roubados!
E da nossa terra destroncados!
Pelos nossos povos massacrados!!!

Porque cantamos assim!?
- Se nós e os nossos ficamos sem abraço!!!
E estão morrendo de fome, de tristeza e de cansaço...
Porque o coração do homem se fez em caco
antes mesmo de explodir a vergonha!!!

Porque cantamos assim!?
- Se estamos longe como um horizonte!...
E lá!... ficaram as árvores, o sol, o céu,
e a alma em cada monte!
Se cada noite é sempre alguma ausência ...
E cada despertar um desencontro!

- Cantamos assim, porque o sol nos reconhece!
E lá!... nesse talo, e em fruto de árvore definhada,
a cada pergunta tem a sua resposta!!!
- E porque, os sobreviventes e os nossos mortos
querem que cantemos assim!!!
- Cantamos assim porque o grito só!... Já não basta!!!
E já não basta o pranto, nem a dor, e nem a raiva!!!

- Cantamos assim, porque o rio está soando...
E quando soa o rio as suas águas agitam-se em revoltas,
E soa o cântico de musas em trovas soltas!
Cantamos assim porque chove sobre o sulco...
E porque o campo cheira a primavera!
E traídos!!!... Somos os militantes desta vida!...
E porque não podemos!!! Nem queremos!!!
Deixar que a canção se transforme em cinza!



Poema de, Rogéria Gillemans.

¡Registado no Ministério da cultura - Inspecção Geral das Actividades Culturais, I.G.A.C. – Processo N°3089/2009!


¡ DA TRAIÇÃO, À ANGÚSTIA DA CHEGADA !

ESTA É, SEM DÚVIDA, A PÁGINA MAIS DESONROSA E VERGONHOSA NA BRILHANTE E GLORIOSA HISTÓRIA DE PORTUGAL.


― Vivem-se vidas inteiras sem conhecer o desespero:
Mas esse sentimento pungente, amargo, rude, foi partilhado em 1975 por centenas de milhares de portugueses, em Angola sobretudo;
Centenas de milhares em Moçambique, em Timor, na Guiné, ( até, em Cabo Verde, e, em São Tomé e Príncipe).
Cidades inteiras de pessoas felizes, prósperas, esperançosas, com uma absurda confiança no futuro, viram-se de repente sem vida social, sem emprego, sem casa, com o dinheiro congelado nos bancos, e um terrível sentimento de perigo em relação às suas vidas e às da sua família.
O desespero tem espinhos, alguns aguçados, e os seus bicos empurram as pessoas para o abismo.
No início de Maio de 1975, em Luanda, um grupo de 2.500 residentes em Angola anunciou que não conseguindo obter passagens aéreas ou marítimas para Lisboa, tencionava fazer a viagem até Portugal por via rodoviária, atravessando oito mil quilómetros de países africanos no sentido sul-norte ao longo de 90 dias. A caravana motorizada esteve organizada para ser constituída por 200 camiões e 500 automóveis particulares, sendo os suprimentos destinados a 15 camiões-frigoríficos com capacidade para transportar 30 toneladas de alimentos cada um.
Alguns veículos foram transformados em oficinas móveis para fazer face à inclemência do trajecto e um dos organizadores, Guilherme dos Santos, fez contactos formais com a Cruz Vermelha Internacional e com a Comissão das Nações Unidas para os Refugiados para, na medida do possível, ajudarem essa travessia das selvas, savanas e desertos do continente africano. Acabaram por não avançar para esse louco caminho para a morte.
Mais a sul, porém, houve traineiras a largar de Porto Alexandre e de Luanda cheias de gente, em direcção a Portugal-Algarve e Madeira onde chegaram, com muita sorte, sem males de maior. Outros barcos de pesca artesanais cruzaram o Atlântico para despejarem no Brasil "os refuziados" que não vieram para Portugal. De entre estes barcos de pesca artesanais alguns acabariam por afundaram no Oceano. E quase todos os que puderam escaparam por terra em direcção à África do Sul e a outros países limítrofes, em alguns casos viajando com máquinas de obras públicas que iam aplainando os acidentes do caminho.

O drama, o luto, o caos, a confusão, dominou no primeiro tempo da chegada a Lisboa a cabeça das pessoas. Mais do que a revolta, as pessoas tentavam perceber os acontecimentos, e como é que se poderiam instalar em Portugal. A fase da revolta veio depois. Na quantidade tremenda de gente que desaguou em Portugal aconteceu de tudo. Uma pequena minoria tinha acautelado o seu património e preparado o seu regresso a Portugal. Outra minoria - precisamente aquela que mais tinha a perder com a "independência" de Angola uma vez que perdera os laços com a metrópole - e nunca acreditou no pior desfecho, não preparou coisa nenhuma, e veio sem nada, absolutamente nada, para além da roupa que trouxe no corpo e muita desta fornecida pela Cruz Vermelha, pelas fugas em pijamas e descalços das suas casas em plena noite quando dormiam. Algumas centenas conseguiram trazer alguma coisa, pouca, mas suficiente para o espectáculo dos caixotes que inundou os cais e o aeroporto de Lisboa.
Aos números soma-se a crónica dos ressentimentos sobre a situação, a confusão baralha-se; calam-se os dramas, a angústia, sofresse e chora-se em silêncio. E faz-se o luto pelos familiares ou pelos amigos assassinados.


O ódio é mais espesso que o sangue, mas há momentos em que nem isso adianta...
É QUANDO PORTUGAL E TRAIÇÃO JÁ NÃO SE DISTINGUEM!



Rogéria Gillemans